sábado, fevereiro 06, 2010

Dá jeito renascer, todos os dias.


Há dias em que não tenho espelho.

Parto-o, porque quero.

Afasto-me da realidade.

Afasto a realidade de mim.

Ser eu, todos os dias eu, amanhã de novo eu.

Quero outro.

Cansei-me deste.

Dava jeito renascer.


Mas há outros em que o espelho me espera ao erguer do leito.

Não o parto, porque não quero.

Mostra-me o meu lado do lado de lá.

Mostra a boa verdade de cá.

Ser eu, todos os dias, amanhã de novo eu.

Quero o mesmo.

Agrada-me este.

Dá jeito renascer, todos os dias.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

poesia

A poesia entra e sai sem pedir licença. No doce dos dias acolhe-se. No amargo rompe gritante o horizonte laranja. E fica, teimosa, até de novo querer ir embora.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

o novo


Dogma. Definitivo. Categórico. Constante. Eterno.
Adjectivação inútil.
Palavra da negação.
Conflito em entranhas recurvo
Mutante em repulsa de mutação.

Avistada a diferença,
A mudança, o novo a fervilhar
Torce-se o espírito em defesa
Racionaliza-se o pulso da fraqueza
Seguro vence o néscio bem-estar.

sexta-feira, outubro 02, 2009

terça-feira, julho 21, 2009

Vi-os e ouvi-os. «Amor é Fogo» em Oeiras.
Para recordar.

segunda-feira, julho 20, 2009

Sou mais pessoa desde ti

Ainda o verde dos anos não me deixava reflectir sobre o que é isto da vida, já me efervescias a mente e me lembravas do que é viver.
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!

Os teus textos ensinaram-me, moldaram-me, assim como ao mundo visto pelos meus olhos. Assim como à vida que me viveu.
Sou um guardador de rebanhos. 
O rebanho é os meus pensamentos 
E os meus pensamentos são todos sensações. 
Penso com os olhos e com os ouvidos 
E com as mãos e os pés 
E com o nariz e a boca.
Cravaram-me interrogações nas malhas racionais da minha mente. Levaram-me a questionar o determinado. E a negá-lo.
Hoje de manhã saí muito cedo, 
Por ter acordado ainda mais cedo 
E não ter nada que quisesse fazer...  
Não sabia que caminho tomar 
Mas o vento soprava forte, varria para um lado, 
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.  
Assim tem sido sempre a minha vida, 
Assim quero que possa ser sempre 
Vou onde o vento me leva e não me sinto pensar. 
Deram-me o entendimento das emoções, das angústias e incertezas, mostrando-me no espelho a naturalidade dos meus dilemas.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Sou mais pessoa desde ti, Pessoa.

quinta-feira, julho 09, 2009

Desabafo






Entorpece a mente dos criativos sempre que as contingências do mundo real nos afastam da ficção. Assim é viver hoje.