Dei hoje comigo a tomar consciência de algo que está ao alcance de todos e que poderá parecer óbvio, mas que, como nunca, se me apresentou claro, curioso e um interessante objecto de análise: as possíveis categorias da conversa.
Temos a conversa banal, que se tem ao encontrar os diários rostos que compõem os nossos dias, onde se conta o que se fez no dia anterior, há cinco minutos atrás, ou simplesmente (esta é da praxe) se comenta o estado do tempo;
Há também a conversa do corte ou tricô, aquela a que a consciência do ser humano sempre dita fugir, e não assume apreciar, mas que sabe sempre tão bem e dá azo a coisas tão díspares quanto a cumplicidade e a intriga;
Depois a conversa de café, frequentemente acompanhada de um cigarro, que nos leva a procurar o imediato e comentar a brutalidade do empregado de mesa ao pousar a chávena ou o aspecto reles da mulher de noventa quilos e mais ou menos 1.5m de altura que acabou de entrar semi-acompanhada pela sua bruta mini-saia;
Inevitavelmente, surge também a conversa chata, enfadonha, dilacerante até, em que mais uma vez temos de ouvir a vizinha do primeiro frente a contar o quanto o seu filho mais novo é um aluno devotado, dissertando sobre as suas qualidades sem permitir que sequer respiremos nos intervalos das brilhantes características do seu rebento;
A conversa de fim de janta numa tasca! Aaaah, há lá melhor conversa que a regada por um bom vinho da casa ou mesmo uma cerveja vivinha, a borbulhar! É aqui que se descobrem todos os podres da vida de cada um, sempre acompanhados de uma gargalhada... mais raramente o arrependimento do que se disse, mas que se repetirá com veemência na próxima janta;
E a conversa confidente? Semelhante à da janta na tasca, mas frequentemente caracterizada por uma maior seriedade e onde corajosamente se diz o que há muito se queria partilhar e covardemente não se conseguia;
Agora, e por último (pelo menos hoje, pois isto dá pano para mangas), a inesperada, aquela que, ao contrário das expectativas, pode correr muito bem! ...ou muito mal... prefiro as que correm bem, claro, como aquela em que se julga vir a ter mais uma conversa banal, oca e que, inadvertidamente, toma um rumo diferente passando por interesses mútuos, intimidades, e outros prazeres acompanhados de uma boa dose de humor.
A listagem de categorias deverá continuar. Interessante seria completar-se com sugestões. Ocorre por aí mais alguma categoria de conversa? Conversa com categoria! Será um bom mote...
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