quinta-feira, abril 26, 2007

A Projecção dos Infantes

Facilmente se percebera, pelo último post, a latência da mente, incapaz de buscar a criação. Passada a menos frutífera fase de infortúnio diário e deprimente estado de espírito, volta a vontade de escrever.

Talvez razão da mais recente tranquilidade e equilíbrio, o tema parece, ainda assim, escassear. Mas regressou, tão somente (valha-nos isso) a vontade. Sem ela nada pode avançar. Comecemos, então.

«Deus quer, o homem sonha, a obra nasce» _ faça-se jus à tão sábia afirmação do Poeta. Ainda que, em cada uma das orações, a minha humildade obrigue à questão. Quererá Deus? Poderá Ele querer, se existe? E o homem, por sonhar, poderá fazer nascer a obra? Entenda-se, de facto, a obra? Obra menor, pelo menos, será. É a obra, por mais ínfima que seja, que sonhamos todos edificar. Queira Deus. ;)



Faltam-nos, contudo, Infantes com o mesmo ímpeto que a obra fez nascer. E lembro-me agora da incitação de alguém à data de ontem, dia em que a vontade de muitos homens, de um povo, se fez vingar: «Jovens, não se resignem!» Confesso a incapacidade de ficar indiferente a essas palavras. Confesso a emoção sentida que só se explica com a vontade de que tal aconteça. Mas, oh fatalismo da realidade, logo vislumbrei o rosto apático dos muitos jovens e potenciais infantes que diariamente me deixam adivinhar a inércia da humanidade que, ao invés das mãos dadas tem os braços cruzados. Ou, então, apostam noutras conquistas menos louváveis que a sociedade adulta lhes apontou como caminho. Ainda assim, pior que o voo de Ícaro é não querer voar.

Resta-me acreditar que nada é irreversível e sentir todos os dias que posso fazer algo para mudar este rumo. Creio nos jovens. Creio em mim. Creio na humanidade.

Creio que não devemos deixar de crer.