segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Importa-me o pormenor


Importa-me o tempo da vida mais do que o tempo de vida
Importa-me o livro da memória mais do que o livro de memórias
Importa-me o sumo da laranja mais do que o sumo de laranja

É no definido, no singular, na essência da particularidade,
No que para nós foi ou é
No que transcende a generalidade
E que ao peculiar do pessoal se aplica
Que reside o importante.

Importo-me com o importante
E só eu sei o que importa

E na fuga para a globalidade perde-se a essência
Escapa-se ao traço intimista
Do que sou, eu
Do que és, tu
E já não do que somos nós, ou vós

Distinguirmo-nos na homogeneidade do social
Desfaz a dispersão do global
Ergue a união do pessoal

Só com a perfeita concepção do pormenor
Se toma o todo do quadro por maior.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Sem título


Tem de doer ou viver a euforia. Ponto assente. Disso depende, está provado, o surgimento da Musa que teima em ser instável.
Se há glória, ela terá de ser cantada. Se não há, terá de ser chorada. Com ou sem lágrimas.
Lágrimas... manifestação incrível do ser humano. A expressão simples do elemento original, que tanto acarreta na sua existência. «Água e cloreto de sódio» não dissociados de tantos outros componentes dicotómicos não-materiais: dor e prazer, tristeza e alegria, euforia e disforia.

Sempre me perguntei: porquê salgadas?
Será bom mote para uma futura composição, poética ou em prosa. Mas hoje não.
A Musa teima em ser instável.