sexta-feira, dezembro 11, 2009

o novo


Dogma. Definitivo. Categórico. Constante. Eterno.
Adjectivação inútil.
Palavra da negação.
Conflito em entranhas recurvo
Mutante em repulsa de mutação.

Avistada a diferença,
A mudança, o novo a fervilhar
Torce-se o espírito em defesa
Racionaliza-se o pulso da fraqueza
Seguro vence o néscio bem-estar.

sexta-feira, outubro 02, 2009

terça-feira, julho 21, 2009

Vi-os e ouvi-os. «Amor é Fogo» em Oeiras.
Para recordar.

segunda-feira, julho 20, 2009

Sou mais pessoa desde ti

Ainda o verde dos anos não me deixava reflectir sobre o que é isto da vida, já me efervescias a mente e me lembravas do que é viver.
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!

Os teus textos ensinaram-me, moldaram-me, assim como ao mundo visto pelos meus olhos. Assim como à vida que me viveu.
Sou um guardador de rebanhos. 
O rebanho é os meus pensamentos 
E os meus pensamentos são todos sensações. 
Penso com os olhos e com os ouvidos 
E com as mãos e os pés 
E com o nariz e a boca.
Cravaram-me interrogações nas malhas racionais da minha mente. Levaram-me a questionar o determinado. E a negá-lo.
Hoje de manhã saí muito cedo, 
Por ter acordado ainda mais cedo 
E não ter nada que quisesse fazer...  
Não sabia que caminho tomar 
Mas o vento soprava forte, varria para um lado, 
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.  
Assim tem sido sempre a minha vida, 
Assim quero que possa ser sempre 
Vou onde o vento me leva e não me sinto pensar. 
Deram-me o entendimento das emoções, das angústias e incertezas, mostrando-me no espelho a naturalidade dos meus dilemas.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Sou mais pessoa desde ti, Pessoa.

quinta-feira, julho 09, 2009

Desabafo






Entorpece a mente dos criativos sempre que as contingências do mundo real nos afastam da ficção. Assim é viver hoje.

quarta-feira, maio 27, 2009

Mulher-cão de Paula Rego

Impõe-se a mensagem na posição
Imposta pela mão que subjuga
Olhas para cima, de baixo
Mãos assentes no chão
Colada ao medo sem fuga

Esbate-se o tom malsão
Cores sépia na verdade
Do pouco que vives sem dó
Garganta seca num nó
Corpo em curva, sem vontade

terça-feira, maio 26, 2009

Björk - Big Time Sensuality

Opostos


Estou deprimida. Ponto. Parece-me simples, natural.
Mas não é assim para todos. Os homens, ao que parece, analisam as oscilações temperamentais sob um olhar longínquo, de estranheza e confusão. Não entendem. Acusam-me de ser mulher, portanto complexa, um nó que só ata e não desata, um vórtice tempestuoso. Acusam-me de não ser simples, linear, fácil e acessível.
Pergunto: e não é bom? Não é atraente o ser complexo, diverso, difícil, que exige de ti? O contrário é vão. O contrário é básico, elementar, meu caro Watson.

O contrário és tu, homem.


(estou a sorrir)

terça-feira, maio 19, 2009

Curta e... boa, muito boa

A CURTA-METRAGEM PORTUGUESA MAIS PREMIADA

quarta-feira, maio 13, 2009

I'm Good I'm Gone

Lykke Li
Likely success... just lend her your ears.

Walking in the corner
Picking over shoulders
Waiting for my time to come
Walking in the corner
One day to the other
Butter for my piece of bun
Stepping, I'm stompin'
I'm all gone
Give me the tone
And i'm all gone
Yeah, i'm walking by the line
Not here, but in my mind
I'm working, I sweat, but it's all good
I'm breaking my back but it's all good
'Cause i know i'll get it back
Yeah, i know your hands will clap
And I'm working,
Yeah, i'm working
To make butter for my piece of bun
And if you say I'm not OK
We mus-t go
If you say there ain't no way that i could know
If you say i aim too high from down below
Well, say you're not 'cause when i'm gone
You'll be callin' but i won't be at the phone
And i'm hanging around 'till it's all done
You can't keep me back once i had some
No wasting time to get it right
And you will see what i'm about
'Cause i'm working, I sweat, but it's all good
I'm breaking my back but it's all good
'Cause i know i'll get it back
Yeah, i know your hands will clap
And if you say I'm not OK
We mus-t go
If you say there ain't no way that i could know
If you say i aim too high from down below
Well, say you're not 'cause when i'm gone
You'll be callin' but i won't be at the phone
(Walking in the corner
Picking on my shoulder
Waiting for my time to come)
And if you say I'm not OK
We mus-t go
If you say there ain't no way that i could know
If you say i aim too high from down below
Well, say you're not 'cause when i'm gone
You'll be callin'
And if you say I'm not OK
We mus-t go
If you say there ain't no way that i could know
If you say i aim too high from down below
Well, say you're not 'cause when i'm gone
You'll be callin' but i won't be at the phone

terça-feira, abril 28, 2009

O SILVO

Bruto impulso o que lhe bate.
Ergue-se e decide o dia.
Será hoje.
A noite havia sido de plumas. Os sonhos rendidos ao cansaço deixaram-se sonhar, em leve peso, e definiram passos por dar. A noite conselheira impôs-se e conquistaram-se as certezas.
Trazidas na aurora, as decisões abriram o armário, vestiram o casaco e sairam, não sem antes se fortalecerem num pequeno-almoço.Os favos de mel no leite adoçaram a voz e pôde, então, calar a rispidez deturpadora da razão.
Há feridas que não se podem lamber.
A carne viva não sara.
Será hoje.
Saiu num disparo decidido. O Manta 1600 interrompeu o silvo da pressa que trazia e cumpriu a missão, mostrando o destino.
Não era esperado, tampouco desejado. Os olhos encontraram-se na cruz do fogo e disseram a verdade.
Sentiu-se de novo o silvo, mas já não era o seu. Não era fruto da pressa.
A louca decisão dos sonhos de pluma em noite conselheira.
Foi hoje.

domingo, abril 26, 2009

PROBLEMA DE EXPRESSÃO

MAIS UMA LETRA, UM ALFABETO, A LINGUAGEM DO AMOR.

Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.

Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.

E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.

quinta-feira, abril 23, 2009

domingo, março 15, 2009

Nascimento

Dali

Criar. Começa-se por um esquisso. Porque acontece, simplesmente.
E logo se descobre que existe um motivo. Um motivo que faz reflectir, que ensina. Que dói ou faz sorrir. Uma razão de elixir ou estricnina.
Pode acordar-nos pela manhã ou apagar-nos na noite.
Traz ventos de tempestade e acolhe na bonança.
(É bom se nos acolhem na bonança. É mérito. É sinal do passo certo. É certeza de que nos amam. Que somos queridos. Não estamos esquecidos.)

O mote persegue a passos lentos o criador. Esconde-se na sombra colada a seus pés e tem querer. Só se manifesta em dias escolhidos, nasce em dias de magnânime expansão do recôndito.
E dá-se a libertação, a catárse, eclode a arte.


quarta-feira, março 04, 2009

Flor-de-lis


Desceste a escada em fogo em busca de abrigo

Abri meus braços, foz de rio em meu mar

Sanei teus males, livrei-te o castigo

Li os teus traços por velar



Subiste a alma em água, viste o perigo

Fechei a estrada, flor-de-lis ao luar

Corri os medos apátridas queridos

Dei-te a certeza em claro olhar



Foz de rio, flor-de lis, meu mar

terça-feira, março 03, 2009

Letras de Canções

Sempre prestei especial atenção às letras de canções.
Se a música é a roupagem voluptuosa e sensual que seduz, a letra, corpo vestido, não pode senão ter silhueta concordante e capaz de a envergar com elegância. Tem de lhe fazer jus em harmonia nos movimentos graciosos.
Agora, depois de um período de séria dedicação à escrita de letras de canções (Escrever Escrever, recomenda-se!), percebi melhor ainda este meu interesse, esta minha paixão pelas palavras musicadas. Percebi também quão grande é o Mestre Sérgio na mestria das frases para cantar, repletas de musicalidade e sentido.
Esta é a letra que mais venero. A letra que eu própria gostaria de ter escrito.
A letra que um dia gostaria que me cantasses. E sei que vais cantar.

Espalhem a notícia
do mistério da delícia
desse ventre
Espalhem a notícia do que é quente
e se parece
com o que é firme e com o que é vago
esse ventre que eu afago
que eu bebia de um só trago
se pudesse

Divulguem o encanto
o ventre de que canto
que hoje toco
a pele onde à tardinha desemboco
tão cansado
esse ventre vagabundo
que foi rente e foi fecundo
que eu bebia até ao fundo
saciado

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher

A terra tremeu ontem
não mais do que anteontem
pressenti-o
O ventre de que falo como um rio
transbordou
e o tremor que anunciava
era fogo e era lava
era a terra que abalava
no que sou

Depois de entre os escombros
ergueram-se dois ombros
num murmúrio
e o sol, como é costume, foi um augúrio
de bonança
sãos e salvos, felizmente
e como o riso vem ao ventre
assim veio de repente
uma criança

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher

Falei-vos desse ventre
quem quiser que acrescente
da sua lavra
que a bom entendedor meia palavra
basta, é só
adivinhar o que há mais
os segredos dos locais
que no fundo são iguais
em todos nós

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo do mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita...


domingo, março 01, 2009

Brincando com as Palavras


Frescos frenesins fruem frentes frias

Quentes quimeras querem querelas de querubim

Silvestres silvos sibilantes ciciam ciúmes

Mistérios mitigantes mil milagres de mim

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Fórmula



Quis provar-te a mecânica dos seres
Quando em mim provaste a fórmula do entendimento
Confirmámos os dogmas da química improvável
De nós dois
Para depois
Testarmos a dinâmica inegável


Apostas na certeza do que somos
Apostas na memória do que fomos
E dizes-me
Ao ouvido
Meu querido
A soma de um mais um faz sentido


Simetria de dois corpos encontrados
União elevada ao quadrado
Não percebes? Eu explico.

E eu fico...


sexta-feira, janeiro 23, 2009

Genuín(a)idade

Que se pretende num abraço amigo?


Que se pretende com o involuntário olhar?


Que se pretende na impensada palavra?


Que se pretende a contemplar o mar?


Que se pretende do belo?


Que se pretende de aqui estar?


Que se pretende no beijo sentido?


Que se pretende do apaixonar?


Que se pretende na entrega dos amantes?


Que se pretende do simples sonhar?

Nada. Nada se pretende no genuíno gesto de dar.



Havia já decidido: Basta! Basta de ausência!

Já lá vai um ano. Um ano! Um ano este mês.


A celebrar, novos posts obrigatoriamente, ou necessariamente.




A escrita é para mim, alternadamente, uma destas duas coisas: uma necessidade ou uma obrigação. Verdade. Falta-me a disciplina para manter o ritmo. Disciplina não. Isso não.


Na verdade, só com vontade faz sentido. E o sentido busca-se. O mote está aí e basta-me aproveitá-lo.




Vamos a isso!