terça-feira, abril 28, 2009

O SILVO

Bruto impulso o que lhe bate.
Ergue-se e decide o dia.
Será hoje.
A noite havia sido de plumas. Os sonhos rendidos ao cansaço deixaram-se sonhar, em leve peso, e definiram passos por dar. A noite conselheira impôs-se e conquistaram-se as certezas.
Trazidas na aurora, as decisões abriram o armário, vestiram o casaco e sairam, não sem antes se fortalecerem num pequeno-almoço.Os favos de mel no leite adoçaram a voz e pôde, então, calar a rispidez deturpadora da razão.
Há feridas que não se podem lamber.
A carne viva não sara.
Será hoje.
Saiu num disparo decidido. O Manta 1600 interrompeu o silvo da pressa que trazia e cumpriu a missão, mostrando o destino.
Não era esperado, tampouco desejado. Os olhos encontraram-se na cruz do fogo e disseram a verdade.
Sentiu-se de novo o silvo, mas já não era o seu. Não era fruto da pressa.
A louca decisão dos sonhos de pluma em noite conselheira.
Foi hoje.

1 comentário:

Anónimo disse...

Simplesmente lindo, adoro ler quem tão bem escreve.
Parabéns
Paulo